A BRUXA EM ORAÇÃO
Nesses tempos sombrios, em que o mundo flerta com o obscurantismo,
de início, negligenciei a luta contra minhas próprias sombras.
Sabe aquele medo de falhar, de afundar e desaparecer no meio do oceano,
após nadar, após lutar contra o cansaço do corpo, da mente, de chutar a água
pra tentar ficar na superfície, respirar, e por fim, apenas desistir, deixando o corpo
à deriva, por decisão do mar definir quando fluir para o fundo?
É esse o medo que tenho.
Mas outras vezes penso, como posso permitir esse desespero, quando antes, tantas
esperanças brotavam, logo ali, só um pouquinho mais diante...
Por vezes, tento não pensar, deixar apenas o coração conversar comigo,
só que ele responde tão suave, que nesse barulho, tenho dificuldade de ouvir.
Me volto para a fé, outra questão indefinida, de confiar no que não vejo. Ainda assim, é nela que me apego, mesmo que de forma não convencional.
Como assim?
Já respondo sua pergunta
Realmente sou uma bruxa, só que veja bem, estou igual a Morgana no livro "As Brumas de Avalon", desacreditando do próprio poder.
Por isso, finalizo esse pensamento, essa reflexão com uma oração endereçada a grande Deusa, a Gaia, a Yemanjá e as outras Deusas mães elementais de todas as culturas, rogando luz e proteção, rogando aberturas e acalento, desatando os nós do meu desalento.
Poetisa Sayonara Sales
Escrita em 15/06/2020